O evento foi organizado por alunos do sétimo semestre de Jornalismo da Unifap
Por: Mariana Ferreira e Rafaelli Marques
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No domingo, dia 02 de outubro, os brasileiros foram às urnas decidir os candidatos à presidência da república, governo do estado, deputados federais e estaduais, e senadores. No Amapá, de acordo com o Tribunal Regional Eleitoral - TRE/-AP, são 550.697 amapaenses aptos a exercerem a cidadania nas eleições 2022.
O pleito, que ocorre a cada quatro anos, é possível graças ao regime democrático que a nação brasileira reconquistou, com a reabertura política, na primeira metade da década de 1980, e o estabelecimento da Constituição Federal de 1988, considerada um marco para o país.
Com intuito de entender os rumos que a democracia tomou nos últimos anos e prezar pela sua manutenção, uma exposição fotográfica digital e roda de conversa foram organizadas pela turma do 7º semestre de jornalismo da Universidade Federal do Amapá (Unifap). O tema foi “A importância da imprensa para a manutenção da democracia em período eleitoral”.
Da roda de conversa, os participantes foram: o professor de ciências sociais e mestre em Ciências políticas, Ivan Silva; a docente de comunicação política, Lylian Rodrigues; a socióloga e fotógrafa, Ianca Moreira; e o analista jurídico do TRE/-AP, Givanildo Quaresma.
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Na ocasião, Ivan Silva ressaltou que o Brasil, atualmente, vive uma “democracia competitiva”. Segundo ele, para existência dessa democracia, é necessário haver candidatos pleiteando cargos e uma sociedade apta a exercer o direito de voto. “Se uma parcela da população estiver alienada do sufrágio do processo de escolha de lideranças, não há democracia”, disse o professor. A respeito do jornalismo, como parte da manutenção da democracia competitiva, ele acrescentou que “o jornalismo também é um meio de difusão de poderes, um meio de difusão de informações e de ideias, de valores contrapostos”.
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Um relatório, divulgado pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão – Abert, apontou três registros de ataques a jornalistas por semana no Brasil, no ano de 2021. Um aumento de 21% em comparação ao ano anterior. Para a Ianca Moreira, é extremamente difícil ser jornalista no Brasil, ainda que a carta magna do país assegure a liberdade de imprensa. Essa liberdade ainda passa por censuras diárias. A fotojornalista ressaltou, na roda de conversa, o papel da “mídia independente”, a qual é atuante em busca de um jornalismo “sem censura” dos grandes meios de comunicação de massa.
Além de garantir que a população tenha direito a voto, é importante garantir que as informações sejam acessíveis a todos os públicos. Para a professora de comunicação política, Lylian Rodrigues, é dever do estado investir em comunicação comunitária – é a forma de expressão libertadora que as comunidades têm por direito com meio de inclusão social - para que a população possa consumir informação acessível e não ser alienada aos problemas sociais, garantindo o direito de a sociedade escolher líderes que representem suas bandeiras de luta.
Givanildo Quaresma, analista judiciário do TRE-AP, alertou para a velocidade da informação nos dias atuais, o fato de qualquer pessoa ser um “informante” pode gerar prejuízos à manutenção da democracia. Em contrapartida, ele cita o aplicativo Pardal, lançado pelo Tribunal Superior Eleitoral- TSE, pois com ele, o eleitor pode se tornar um “fiscal” e denunciar possíveis crimes eleitorais. As denúncias são analisadas por uma comissão especial, segundo Givanildo.
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Enquanto ocorria a roda de conversa, os alunos e convidados tiveram a oportunidade de acompanhar uma exposição fotográfica digital. As fotos expostas faziam ligação com o tema, e foram registradas, em sua maioria, durante a cobertura jornalística de atos políticos, ocorridos nos últimos meses, em Macapá.
Para a aluna de jornalismo, Brunna Silva, o debate foi uma oportunidade de trocar conhecimento e entender mais sobre o papel dos jornalistas, principalmente dentro do âmbito eleitoral. “Eu quero eleger pessoas que me representem enquanto mulher preta, acredito que a democracia começa com essa representação”, diz Brunna.
Acompanhe a coluna “-Fala, preta”, com participação de Brunna Silva, na Agência experimental de comunicação UNIFAP- Agcom
Em um mural disponível na entrada do evento, os acadêmicos puderam escrever o que para eles significava a palavra democracia, alguns termos foram unânimes, entre eles: liberdade, participação e união. A roda de conversa finalizou com os especialistas reforçando que a democracia não é um fim, e sim um começo de uma sociedade melhor.
Entenda a relação entre os termos Jornalismo e Democracia
Os jornalistas apuram informações para transmitir notícias de maneira clara e objetiva para as pessoas. Ou seja, são os intermediadores entre a informação e o público.
A palavra democracia vem do grego demos, que significa “povo” e kratos, “domínio ou poder”. Em outras palavras, é “o poder nas mãos do povo”. Assim, democracia refere-se a um regime político no qual o poder está nas mãos do povo. Os cidadãos têm o direito de participar das principais decisões, como eleger representantes para o governo, garantindo a liberdade de escolha e de direitos.
Embora os conceitos pareçam distintos, ambos possuem relação entre si, de acordo com Ivan Silva, “é inegável, portanto, que democracia e jornalismo, do ponto de vista teórico, tenham uma relação complementar. Não é possível pensar em uma democracia sem liberdade de imprensa e não é possível pensar também em uma imprensa livre sem o regime democrático”, afirma.
Um exemplo é o período eleitoral, em que as emissoras de rádio e televisão exibem as propagandas políticas. Para a estudante do ensino médio, Nayra Vitória, de 16 anos, que votou pela primeira vez, os candidatos têm espaço para expor as propostas, e conquistar votos. A população tem a oportunidade para conhecer os representantes.
Democracia e jornalismo estão atrelados, pois a mídia é o meio que proporciona voz, e os cidadãos ficam a par dos acontecimentos. E, enquanto o cidadão se informa, poderá exercer o direito à democracia de forma consciente e correta.
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