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Roda de conversa discute o mercado de trabalho e a não obrigatoriedade do diploma para jornalistas

Atualizado: 21 de ago. de 2023

Durante conversa na UNIFAP, surgiram assuntos relacionados à vida profissional dos jornalistas, questões éticas e dúvidas sobre o mercado de trabalho


Por: Fernando Tavares, Flávio Sousa, Gabriela de Matos, Weverson Lobato


Jornalistas Ana Girlene e Anita Flexa durante roda de conversa com acadêmicos de jornalismo. Foto: Iannique Meneses

Estudantes de jornalismo da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) receberam as jornalistas Ana Girlene, diretora na Rádio Difusora, e Anita Flexa, Repórter e Coordenadora do Núcleo de Rede na Rede Amazônica, para uma roda de conversa, com objetivo de compartilhar conhecimentos e experiências. O debate ocorreu no último sábado (5), na aula de Laboratório de Jornalismo e Convergência, disciplina ministrada pela professora Elisângela Andrade. Entre os temas discutidos estão: a não obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista, o mercado de trabalho local e a importância da ética jornalística.

O jornalista não precisa estudar num curso de jornalismo e ter o diploma do ensino superior para exercer a profissão. Isso porque o Supremo Tribunal Federal (STF), em 2009, decidiu em audiência, por 8 votos a 1, pela não obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Em 2012 o tema voltou a ser debatido, dessa vez, no Congresso Nacional. Ainda em 2012, foi aprovada pelos senadores a proposta de Emenda à Constituição, (PEC) Nº 206/2012, a favor da obrigatoriedade de diploma de nível superior para o exercício da profissão do jornalista. Desde então, a PEC está em análise na Câmara dos Deputados.

O tema, que sempre foi polêmico, gerou muitas discussões após a decisão do STF. Em abril de 2023, o assunto ressurge pelos profissionais de jornalismo e comunicadores do país. A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os sindicatos iniciaram ações pela exigência do diploma de jornalismo. Em junho deste ano, a FENAJ enviou carta aos deputados federais requerendo apoio à aprovação da proposta (PEC 206), que segue em análise há 12 anos. Durante a roda de conversa na UNIFAP, Ana Girlene se posicionou em relação ao tema dizendo que é a favor do diploma para o jornalista. Ela explicou que a Rádio Difusora, por exemplo, tem profissionais sem formação em jornalismo, os mais antigos, mas destaca a priorização na contratação dos profissionais com diploma. Contudo, ressalta o profissionalismo dos colegas que estão há mais tempo na rádio, destacando a experiência deles. "Respeitemos, eu tenho profissionais com os quais a gente aprende muito, mas os tempos mudaram’’, disse.

A diretora da rádio Difusora questionou o motivo das demais profissões exigirem pessoas habilitadas, com diploma, mas, para o jornalismo, não ter essa obrigatoriedade. "Eu não sei vocês, mas eu não fui em nenhum hospital com médico sem diploma", comparou.


Acadêmicos do curso de Jornalismo na UNIFAP. Foto: Joeli Barros e Iannique Meneses A jornalista prosseguiu dizendo que ‘’Uma empresa séria, na minha opinião, seja governo ou uma assessoria de comunicação, empresa de rádio e TV, portal de notícias, seja qual for, tem a obrigação de contratar o jornalista formado", defendeu.

Anita Flexa também defendeu a obrigatoriedade do diploma, e afirmou que entender as teorias e técnicas ensinadas no ensino superior é essencial para a formação de profissionais da comunicação. Porém, destacou que só o diploma não basta. “Eu defendo o meu diploma, mas o que faz o jornalista é a nossa experiência, é ter ética e ser profissional”. Segundo ela, na emissora em que trabalha, a maioria dos jornalistas tem diploma. “Na Rede Amazônica, existem pessoas com formação superior como existem pessoas que não têm, o que vai contar é o diferencial daquele profissional, se ele é um jornalista comprometido isso é válido. Não posso falar por todas as empresas, óbvio”. E completou: “não adianta a gente ter só um diploma, você tem que ser bom, você tem que ser comprometido como a Ana Girlene falou, tudo que nós temos é o nosso nome e temos que fazer o nosso nome”. Sávio Augusto, estudante do sétimo semestre, manifestou sua opinião a respeito da importância do ensino superior para o exercício da profissão do jornalista, o acadêmico justificou que a graduação é necessária para o aprendizado de técnicas fundamentais para ser um bom comunicador. “O diploma em jornalismo não é apenas um pedaço de papel; é uma fundação sólida que sustenta a prática da profissão em sua totalidade. Da base teórica ao desenvolvimento de habilidades técnicas, da orientação ética à confiança pública, o diploma se converte em um farol orientador para os jornalistas em um cenário midiático complexo e em constante evolução”. O universitário defendeu, ainda, que a graduação enriquece o jornalista a respeito das responsabilidades éticas do profissional. “Ele é um investimento no próprio potencial, uma busca pela excelência e um compromisso com a construção de um jornalismo que perpetue os valores mais nobres da comunicação responsável e informada”. A Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo (ABEJ) disponibilizou um abaixo- assinado, criado em 11 de maio deste ano, uma petição on-line, em favor da obrigatoriedade do certificado para exercer a função de jornalista. Por isso, estudantes e professores de jornalismo, jornalistas, população em geral que apoiam a obrigatoriedade do diploma, podem acessar este link e opinar.


Jornalistas destacam a priorização na contratação dos profissionais com diploma. Foto: Joeli Barros


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